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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Não se iluda

Discordo de dentes cerrados do que acabo de ler numa edição da revista Você SA. O texto envolvia sugestões de estudo para quem se prepara para algum concurso público. A reportagem envolvia, de modo especial, os concursos para juiz federal. Trazia a foto de um sujeito recém-aprovado num desses concurso e também dele algumas sugestões. Mas o que me arrepiou o cabelo foi ler o seguinte:
— Disciplinas como português, informática, matemática, direito constitucional e administrativo eliminam muita gente. O domínio dessas matérias exige até seis meses de preparo.
Parei a leitura exatamente aí. Quero dizer aos jovens, ou a qualquer profissional, que de modo nenhum alguém obterá condições mínimas de “domínio” de qualquer das matérias anunciadas ou de qualquer outro estudo, seja ele qual for, em escassos seis meses. Domínio exige no mínimo, por baixo, muito por baixo, 10 mil horas de prática.
Dez mil, eu disse. Aliás, já disse isso, aqui, várias vezes. Duvido que alguém aprenda direito constitucional ou português de mínima qualidade em seis meses, nem que o sujeito seja gênio. A memória não pode ser apressada, mente quem diz que tem métodos de aceleração da memória. A memória exige vagar, exige “metabolizar”, digerir calmamente o que está sendo aprendido.
Não vale memorizar um versinho de pé quebrado e recitá-lo daqui a três minutos, eu falo em memória duradoura, daquelas que podem nutrir a fala e as necessidades quando evocadas em situações especiais. Ninguém aprende inglês, por exemplo, em seis meses, nem morando na Casa Branca. Um jovem vadio, por exemplo, que passou o tempo todo do Segundo Grau sem estudar, pode ir para o melhor cursinho pré-vestibular do Brasil, vai levar bomba.
Não se aprende apressadamente e sem bases anteriores. Claro, a quem estudou o cursinho ajuda, requenta as memórias. Não mais. Não vamos longe, os exames anuais da OAB põem abaixo legiões de recém-egressos da nobreza das faculdades... Por quê? Porque não estudaram como deviam enquanto estavam na graduação, só isso. E o mais é choro de perdedor.
Excelência, domínio, só com muito estudo, muito, em seis meses ninguém sabe sequer a cor da capa do livro de direito constitucional, ou os meros 10 mandamentos do catecismo. A moçada precisa saber que cada minuto perdido no 2º Grau vai ser uma penitência mais tarde, nos concursos ou na vida profissional. E já na vida profissional, a excelência só começa a aparecer depois de 10 mil horas de prática. Ou isso ou incompetência. Não se iluda.

3 comentários:

  1. Concordo com vc Ivandro! Essses cursinhos que prometem... "aprenda em 1 mês" ou "intensivão..." não adinata muito se o objetivo e aprender de verdade. Vc pode aproveitar para tirar dúvidas spobre alguns assuntos mas não aprender de fato. Isso vem da base dos estudos! Claro que os cursos ajudam mas não espere qua vai sair um expert no assunto.
    Abs,
    Amilton.

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  2. verdade,requer um preparo muito maior,e esse prazo curto de tempo não é capaz de fornecer...

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  3. Ah concordo plenamente, eu como trabalho bastante com a minha memoria, sei muito bem que as coisas podem ser "deletadas", digamos que decoramos algo, se nao for praticado, com certeza "sumirá" da nossa memória, e os cursinhos, acredito como você que justamente servem para retornar a memoria coisas que estavam em processo de fuga. A verossimilhança de suas palavras me trouxe a mente uma aula de interpretação que tive, na qual decoravamos uma poesia e a declamavamos em seguida. Se acaso deixassemos de ler e reler a mesma, com certeza não nos lembrariamos depois.

    OBS.: Gostei mt do blog, pretendo visita-lo sempre, até mais.

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