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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Nós, os deficientes

A notícia dizia assim:
Número de deficientes contratados pelas empresas ainda é baixo
A notícia tratava, como se vê, da contratação e das oportunidades para pessoas com alguma deficiência física. Fiquei pensando. Bom, antes de mais nada, todos somos deficientes, todos.
Nunca esqueço que um dia, em Porto Alegre, um colega veio me dizer que a gaveta da mesa do chefe estava cheia de remédios. Ingênuo, esse meu amigo. Mas é claro que a escada hierárquica da vida profissional tem degraus íngremes, onde todos sobem gemendo, as dores são mitigadas pela vaidade, mais das vezes.
Somos todos deficientes, já disse. E aí é que está a úlcera da vida. Onde estão as nossas mais graves deficiências? Ali devemos atacar com fúria, como se estivéssemos numa guerra de vencer ou vencer. Vale para o casamento. Quem casa levando para o casamento “deficiências”, sabendo delas e não as tentando tratar, vai se dar mal, que já prepare a papelada...
Todos temos deficiências, todos somos deficientes. O tal chefe da mesa cheia de remédios é um exemplo. O sujeito é chefe, é autoridade, tem poder, tem isso, tem aquilo, seja quem for, seja mesmo o grande cacique, ele sofre, pena. Não se iluda, quando ele fecha a porta do quarto e fica só consigo mesmo, bah, saia da frente, o ritual do tirar as máscaras e tomar remédios vai ser longo.
— Ah, mas ele é casado, tu não sabes disso?
Sei, e por isso talvez sejam maiores as suas amarguras. Mas a mulher dele não lhe é diferente, também é gravemente infeliz, deficiente existencial... Claro, quando está na rua, na frente dos outros, ela sorri, roda no dedo o anel caro, finge ser feliz, realizada. É assim. E enquanto for assim, todos continuaremos “deficientes”. Um deficiente físico, propriamente dito, pode ser apenas um deficiente físico. Essa pessoa tem tantas possibilidades na vida que fica constrangedor dizer isso aqui.
Claro, ela vai precisar de desenvolver alguma capacidade especial, como qualquer um de nós. Vai ter que brigar seriamente por seus direitos e possibilidades, mas vai conseguir. Só não conseguirá se ficar esperando que alguém lhe estenda a mão. E isso, por acaso, não vale para qualquer pessoa, por bonitona e inteira que seja ou esteja? O grande problema nos casamentos e no mercado de trabalho é que as pessoas não querem se admitir “deficientes”, de habilidades, cortesias, paciência e vocação no caso do casamento; e competências no caso do trabalho. Mas todas as deficiências podem ser superadas. Basta querer, ter consciência disso.

2 comentários:

  1. todos tem talento e habilidade em algo mas o mercado só pensa na "experiencia"

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  2. Realmente Ivandro, as pessoas só percebem as deficiências aparentes...
    Gostei muito do seu blog cara, já tô te seguindo também. E só uma dica, faz um banner de 120 x 60, que aí poderemos trocar links.
    Abração e apareça lá no Hippies & Beatniks.

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