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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Os prós e contra das cotas para negros nas universidades

Recebi um bom número de e-mails sobre a coluna "As cotas nas universidades" -em que critico a proposta. A base da argumentação é que o aluno que não foi bem preparado no ensino médio não terá condições de acompanhar o ritmo da universidade. De duas uma: ou se rebaixará mais ainda o nível, para se adequar a eles; ou eles abandonarão o curso por incapacidade de acompanhar o ritmo. O que se sugeria era uma política que identificasse os melhores alunos nas escolas públicas e os amparasse desde cedo, permitindo que chegassem ao vestibular em igualdade de condições com aqueles de melhor renda. Mas que no vestibular vencessem os melhores.

Na linha contrária a essa posição, há um conjunto de argumentos. Alguns argumentos de cunho algo racista ao inverso -o de que os negros, por conta de séculos de discriminação, não teriam condições de competir em igualdade com os brancos. Não é por aí.

Contra esses argumentos, há outros, como os do leitor Jorge Marun, para quem "as cotas vão humilhar e estigmatizar seus beneficiários. Percebi isso conversando com um amigo negro que, a muito custo, conseguiu galgar a classe média. Ele me disse: "Trabalho duro para meu filho estudar e entrar numa boa faculdade. Não quero que ele entre na "vaga do preto", quero que ele entre porque merece". Veja o caso recente da idéia do ministro da Educação, Tarso Genro, de financiar vagas em universidades privadas para negros, deficientes e ex-presidiários.

Tem cabimento equiparar negro a deficiente e ex-presidiário? Isso não é humilhante?".

Em relação à comparação com o sistema de cotas nos Estados Unidos, muitos leitores lembraram que lá não existe o vestibular, mas a seleção não objetiva dos alunos, e havia um "apartheid" social claro. Nessas circunstâncias as cotas se justificariam, não nas do Brasil.

Ponto questionado foi a afirmação que fiz de que os beneficiados pela cota, não tendo preparo anterior, não conseguiriam acompanhar o ritmo da universidade. O desafio era claro: será possível a alguém sem preparo prévio em matemática cursar uma Poli? Alguns leitores levantam estatísticas da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), segundo as quais teria havido melhor desempenho no grupo dos "cotistas" que dos demais alunos.

Mas houve uma quantidade majoritária de leitores, especialmente de professores universitários, concordando que as cotas prejudicariam ainda mais o nível das universidades. Muitos leitores lembraram o sistema de massificação do ensino superior, que acabou produzindo uma relação enorme de universidades e faculdades privadas do pior nível. Ou mesmo a falta de atenção à massificação do ensino médio -inevitável em razão da explosão populacional e da urbanização nos anos 70-, que comprometeu sua qualidade pela falta de atenção dos governantes.

Ponto comum a todos, aliás, é que a questão das cotas esconde o problema maior, que foi a mediocrização do ensino público brasileiro. Aí está o nó da questão. Os salários são aviltantes, espanta os melhores. Sem salários, não há cobrança. Sem cobrança, não há qualidade. E, sem educação, não há desenvolvimento.

8 comentários:

  1. Cara, realmente é um assunto muito polêmico, até porque, existe sim o problema histórico dos negros no Brasil, porém, o problema da educação nas escolas públicas também é tão real quanto. O que nos deixa com opiniões tão diversas e ao mesmo tempo tão autênticas.
    Abraço.

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  2. O assunto é muito polêmico. Eu sempre me coloquei contra a política de cotas, pois acho que é um sistema como bolsa família de manutenção das desigualdades gritantes do nosso país.Sou estudante de licenciatura em história e ensino tanto a alunos de colégio particular quanto público e não dá para comentar a diferença enorme entre as duas vias de ensino. Acho que hoje há tanto uma despreocupação por parte dos alunos e dos professores da rede pública. Sou a favor da sua idéia de preparar os melhores desde cedo a se equiparar aos da rede privada na concorrência do vestibular. Mas pergunto o vamos fazer com os alunos que já se formaram nesse sistema de ensino deficiente?
    Se der dê uma passadinha nomeu blog ( www.uvirgilio.blogspot.com) Leia Os olhos de Manuela-capítulo 1.

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  3. É mesmo muito difícil discutir isso. O problema está na base. Se a educação pública tivesse qualidade, não haveria motivos para a criação de cotas. Não conheço muito sobre o assunto para discutir, mas em base é isso. Se todos tivessem o mesmo nível para a realização da prova, não precisaríamos de nada disso. Já conheci diversas pessoas que perderam a vaga por causa das cotas. É mesmo algo muito polêmico, mas você escreveu tudo com bastante informação. Parabéns pela postagem!!

    http://cantodoescritor.blogspot.com/

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  4. Eu sou contra as cotas raciais. Na minha opinião elas só fazem aumentar mais o preconceito, pois dizem que o negro só poderá estudar se tiver cota. Se tiver que ter uma cota, que seja social, privilegiando os mais pobres, sejam brancos, negros, amarelos, azuis, verde, etc...

    As cotas racias na verdade existem para mascarar a incompetência dos governos que não conseguem melhorar a educação no Brasil. Enquanto os políticos tratarem a questão com desleixo e não investirem nela, essa conversa de cota vai existir. Se todos tivessem acesso a uma educação pública digna tudo seria diferente.

    O problema é as elites não querem ver um progresso no Brasil. Querem que tudo continue como está.

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  5. Meu queridoo, posso desabafar???, sou negra, e não aprovo o sistema de cotas, nem a dita reforma universitária.Eu, meu irmão e uma prima somos os primeiros a entrar numa universidade da nossa familia, todos os 3 em universidade federal, e eu e meu irmão NÃO ENTRAMOS PELO SISTEMA DE COTAS, mas sim pelos nossos méritos, entramos em uma UF,pela porta da frente com a consciência de que merecemos estar lá, porque lutamos contra a discriminação e o preconceito racial que vivenciamos uma vida toda, e vencemos porque estudamos, nos esforçamos. Não, não queriamos ficar encostados no governo, vivendo de bolsa familia, teriamos que fazer a diferença e fizemos, memso com todas as adversidades que apareceram, não adianta dizer que a culpa é do governo que não dá educação de qualidade, quando os pais não colocam seus filhos pra estudar, não o acompanham,e entegam a resposnabilidade de cuidar de seus filhos para a escola, na escola se aprende muita coisa mas não se aprende a ter consciencia da realidade, coisa que os pais deveriam fazer desde pequeno, e é nisso que eu me apoio para dizer que sou contra as cotas e a reforma, pois cresci vendo filhos de pais analfabetos entrarem para universidade e se formarem em direito com ótimas colocações na prova da OAB, cresci vendo colegas que não tinham passagem pra ir pra aula, mas pedirem carona pros motoristas pra irem estudar, gente que eu vi indo para catar lixo em um lixão que havia proximo a minha casa, concluir o curso de farmácia com especialização em bioquímica...Essas pessoas que eu vi, conheci e cresci, não pediram um centavo pro governo e conseguiram ingressar na universidade. Por isso não apoio o sitema de cotas pq acredito na capacidade humana, e que se vence preconceitos combatendo o preconceito, não se beneficiando da condição de discriminado para conseguir benefícios por causa de cor de pele. eu estudei dia após dia, meses anos da minha vida, virei noites estudando, lendo me esforçando pra aprender e me revolto com gente que tira metade da pontuação que tirei e entra em curos concorridissimos na Universidade, não apóio. principalmente agora que estão querendo abolir as provas de vestibular, O que é revoltante para alunos que estão lá, e que se sacrificaram para ingressar, ver que todo seu esforço pra estar entre os melhores foi substituido por um mecanismo que não tem eficácia comprovada e que diminuirá com certeza a qualidade do ensino superior, e por consequencia os profissionais que se formarão nessas unidades.

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  6. O sistema educacional básico do Brasil é horrível,sou considerado branco e considero o sistema de cotas justo.
    Acredito na política de afirmação instituída pelo sistema de cotas, a análise do programa deve ser feita inicialmente com a resposta da seguinte perguntado: Qual o real objetivo do sistema de cotas?
    Esse sistema não buscar facilitar o acesso a Universidade de negros, índios, mestiços entre outros seu intuíto é atingir o princípio constitucional da igualdade que em nosso país é apenas material.
    As pessoas atingidas por esse sistema não são os que são vistos como incapacitados intelectualmente e sim aqueles que foram alijados de uma condiçao igualitária de base educacional. Que esta ação não seja eterna, mas que com ela possa ser amenizada a disparidade de etnias nas UF, em conjunto com uma base educacional satisfatória para todos poderem concorrer de forma justa a uma vaga universitária.

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  7. Bom, com certeza eu acho esse sistema de cotas injusto né, pois ninguém é melhor do que ninguém, o sol nasce para todos.As pessoas devem entrar nas univresidades por sua capacidade e não por raça, porque a raça não faz diferença, a diferença está na cabeça de algumas pessoas que se acham melhores por serem brancas e isso é RACISMO e é CRIME....
    Cotas é um calar boca de população, porque vão pensar...ah, mais pelo menos tem alguns negros nessa universidade;pensamento totalmente errado...

    CRÍSSIA

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  8. Sou totalmente contra esse lance de cotas,principalmente para negros embora eu seja um, entendo que se você quer entrar numa universidade deve se preparar para alcançar o nível requerido para estar lá, e não exigir que o ensino te abra uma janela por onde a concorrência seja menor baseando na sua cor , nível social, ou qualquer outro aspecto,me sentiria até constrangido se um dia ouvisse comentários do tipo " se não fosse a cota ele jamais entraria aqui",ou então saber que alguem que se matou de estudar e não pode entrar na faculdade porque apesar de ficar entre os trinta ,tiveram que reservar a vaga pra um negro, isso é concorrência desleal.

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