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terça-feira, 2 de junho de 2009

Dia da prostituta

Como se explica que uma atividade possa ser exercida, mas não empresariada? E se médicos, jornalistas, engenheiros, empregados domésticos pudessem ser prestadores de serviço, mas fossem impedidos de ter patrões? É contra essa esquizofrenia, e os seus efeitos, que luta o movimento de prostitutas no Brasil. Para isso, é preciso conhecer a origem desse tratamento diferenciado para as putas.Ela está na luta pela reforma moral da sociedade iniciada por um grupo de mulheres inglesas no século XIX, com o nome de Federação pela Abolição da Regulamentação Governamental da Prostituição. Ainda hoje, com sede em Paris, elas insistem na mesma crença: a de abolir totalmente a prostituição, que seria fruto do machismo e da pobreza (como se todas as mulheres pobres fossem putas e países ricos vivessem sem comércio sexual), e não das complexidades da sexualidade.Esse conceito do abolicionismo entende a prostituta com vítima, daí não penalizá-la, mas criminalizar o empresário. Elas podem oferecer serviços, não estão na ilegalidade, mas são impedidas de ter relação formal de trabalho com empresários e agentes, profissionais importantes para tantas outras ocupações, como as de esportista, ator, escritor. Seriam sempre exploradas, as pobrezinhas, como se todos os empresários não lucrassem com o trabalho de seus empregados. E se houver trabalho escravo, nossa legislação abrange qualquer atividade. Sistema perversoO sistema abolicionista brasileiro - e de tantos outros países que o incluíram na legislação - incentiva a corrupção (a fim de manter casas de prostituição abertas) e outros delitos, e cria ambientes marginalizados, em que, aí sim, a principal vítima é a prostituta, por compartilhar desse meio marginal. Direitos e deveres trabalhistas, nenhum. Reclamações, nem pensar. E agora, pior ainda: se vão tentar a vida no exterior, prevê a lei, são consideradas traficadas, mesmo que por conta própria - sempre vítimas, as coitadas. Ao contrário de outros profissionais que vão à luta lá fora.A Rede Brasileira de Prostitutas, com 30 associações no Brasil, defende, portanto a formalização da atividade e a possibilidade de haver relações de trabalho com o empresário. Assim como um técnico de informática presta serviços a um indivíduo, em uma casa, com salário pago por uma empresa que o contrata. E defende também, é claro, a manutenção da liberdade do trabalho autônomo. ConquistasAlgumas conquistas já foram atingidas. Entre elas, o reconhecimento pelo Ministério do Trabalho da atividade da prostituta, na Classificação Brasileira de Ocupações; ações de promoção da cidadania e de prevenção das DST/Aids, em parceria com o Programa Nacional de DST e Aids, do Ministério da Saúde; e a apresentação ao Congresso Nacional de projeto de lei que formaliza a profissão e dá direitos às profissionais do sexo, pelo deputado Fernando Gabeira.Aprovada a lei, será necessário regulamentar a prostituição. Isso terá de ser feito de forma que não viole os direitos humanos dessas trabalhadoras. Afinal, o estigma associado à prostituição ainda é muito grande - pensam tantos que elas só podem sofrer doenças relacionadas ao sexo, daí as idéias de controle sanitário, que são bagunceiras ou taradas.O importante é que já faz 20 anos que as prostitutas assumiram o seu lugar na sociedade, organizando-se, mostrando a cara, inclusive na ousada Daspu, dizendo o que pensam e querem, denunciando e enfrentando arbitrariedades, ilegalidades e discriminação. É uma batalha difícil. Mas é a batalha dessas mulheres cidadãs.

8 comentários:

  1. Ola amigo Ivandro, bom passar por aqui e encontrar esse belo trabalho. Abraços

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  2. Belo post. Acho que elas merecem o amparo da lei em todos os sentidos. 15 anos atrás, foi uma prostituta, sim, uma prostituta, que me ajudou em um momento muito difícil da minha vida, a minha separação. A gente era amigo por telefone e um dia ela disse que muitos dos seus clientes iam lá, pagavam os R$ 50,00 pela hora a fim de apenas desabafar...

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  3. Saudações!
    Amigo Ivandro,
    Um texto excelente!
    Com sinceridade, penso que deveriam oficializar todas as prostitutas, talvez diminuisse o número de tantas doenças, e depois, o que alguns condenam é a capa de um ser humano...Embora eu não tenha conhecimento da materia, penso que o que interessa ao creador é a alma...E uma coisa que sempre me intrigou e realmente não sei dizer é se alma tem sexo...A prostituição moral de alguns talvez seja mais devastadora numa sociedade, que a física...principalmente a que assistimos diariamente alguns pousando de bons cidadãos, mas, exibem uma extensa ficha de crimes contra a honra, estupros, pedofilia, a fora os que surrupiam o dinheiro da nação...Por falar em prostitutas, em todos os livros sagrados se encontram registrados tantos fatos, como por exemplo..." Três meses depois sucedeu que informaram a Judá, dozendo: Tamar, a tua nora, fez-se de meretriz; e eis que está também grávida do seu meretrício, - e Judá disse: Trazei-a para fora, e seja queimada- GÊNESE 38:24 Quando foi trazida para fora, enviou recado para o sogro, dizendo: Estou grávida do homem a quem estas coisas pertencem. E acrescentou: Examina, por favor, a quem pertencem este anel de chancela, e o cordão, e o cajado, Gênese 38:25 Judá os reconheceu, e disse: Ela é mais justa que eu, visto que não lhe dei o meu filho Selá. Gênese 38:26.
    Pensemos Nisso!
    Parabéns pelo texto!
    Abraços.
    LISON.

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  4. acho que mulheres que seguem esta opção é mta falta de vontade de vencer na vida, cara isso eu tomaria apenas como questão de vida ou morte depois que tudo que eu tentasse tivesse falhado o que não é o caso da maioria das prostitutas.

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  5. Prostitutas sempre existiram e existirão mas o fato é:cada um faz o que quer da vida,ninguém vive por ninguém e direitos todos temos,porque não elas?por acaso não pagam impostos do mesmo jeito?

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  6. As feministas querem destruir a prostituição e criminalizar (assim como muitas mulheres comuns) pois sabem que o homem precisa de sexo e as prostitutas competem frente a frente com elas pelos homens que podem tranquilamente a qualquer momento requerer seus serviços ao invés de se humilharesm por uma mulher "não prostituta"

    Assim é necessário uma defesa forte das prostitutas pois elas são o alívio do homem comum humilhado num mundo feminista atual

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  7. Prostitutas existem ,desde que existe a espécie humana. Agora não sabia que já havia um dia dedicado a elas!

    Susana

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  8. Esse tema é bem polêmico, mas tem as prostitutas muitas vezes são vítimas de oportunistas que querem aproveitar da situação, mas na verdade existem inúmeras mulheres que escolheram essa profissão por vocação e nunca passaram nescessidades financeira na vida, por tanto não podemos classificar essa profissão como refúgio de quem quer sair do sufoco. Seu tema é de grande importância e deve ser levado a diante para ser discutido abertamente.

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