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terça-feira, 17 de março de 2009

O medo de reconhecer erros

O medo de reconhecer erros é, acima de tudo, o medo de se assumir como ser humano com suas imperfeições,defeitos,fragilidades,estupidez,incoerência. Formamos nossa personalidade em uma sociedade superficial que esconde nossa humanidade e supervaloriza nosso endeusamento. Hoje quem está brilhando poderá, amanhã,cair em desgraça para que o outro substitua. O pódio é cíclico, não há espaço para dois lugares. Além disso, a mídia constrói e destrói mitos. Podemos ter dignidade para estar entre os primeiros lugares ainda que nunca subamos no pódio e mesmo fiquemos entre os últimos lugares. Uma minoria ganha o Oscar, o Nobel, o Grammy. Uma minoria torna-se ícone social e profissional. Mas, como veremos, podemos desenvolver os hábitos dos profissionais excelentes e brolhar ainda que nunca sejamos um ícone; podemos revolucionar o ambiente em que estamos,ainda que anonimamente. Por vivermos em uma sociedade que valoriza os super-heróis, negamos consciente ou inconscientemente nossa humanidade. Temos medo de assumir o que realmente somos, seres humanos, mortais, falíveis, demasiadamente imperfeitos. Não há sábios que não tenham loucuras. Gostamos de ver as chagas dos outros, não as nossas. Os noticiários televisivos expõem as falhas alheias e cativam nossos olhos, enquanto ficamos na sala silenciosos, escondidos de nós mesmos em nossas poltronas. Não é possível as funções supreendentes da inteligência, as ferramentas mais importantes para explorar nossa psique, se não tivermos coragem de enfrentar nossa realidade, descortinar algumas áreas de nossa personalidade. A psique, como temos visto, é como um teatro, mas um teatro real onde encenamos uma peça concreta. Quem representa essa peça quem não se assume, quem não reconhece suas "loucuras" viverá artificialmente, não amadurecerá. O ser humano é de um lirismo ácido. Todos sabem que errar é humano, mas insistimos em ser deuses, temos a necessidade neurótica de sermos perfeitos. Amamos conviver com pessoas simples, despojadas, mas complicamos nossa vida. A energia gasta pela necessidade neurótica de ser perfeito é caríssima,esmaga o prazer de viver. O medo da crítica, do vexame, da rejeição, do pensamento alheio, dos olhares sociais, tem feito mentes brilhantes apagarem seus luzeiros. Por nada e ninguém podemos deixar de decifrar o código da espontaneidade. Quem não o decifra pouco a pouco se deprime. Nossa liberdade não pode estar á venda por preço algum. Mas a vendemos por bobagens, a trocamos com incrível facilidade. Quando alguém nos aponta um erro, mudamos de cor trocamos de humor. Quando alguém revela alguma atitude estúpida, ficamos indignados. Nas relações em que o poder é desigual, a situação é pior. Quando um paciente corrige um psiquiatra,gera um escândalo. Quando um funcionário aponta uma falha de um executivo, é sinal de irreverência. Quando um filho discorre sobre um comportamento débil de um pai, revela um desacato à autoridade. Nada tão absurdo! Nada tão imaturo! Mas relações desiguais, o vírus do orgulho contagia em frações de segundo o cérebro daquele que se considera superior. levando-o a silenciar a voz do que está em uma posição inferior. Tais reações são doentias, pois não há psiquiatra, executivo e pais que não falhem, e ás vezes vexatoriamente. Quem usa a relação de poder para impor suas idéias não é digno do poder em que está investido. Muitos pais querem que seus filhos sejam humanos, mas eles mesmos comportam como se fossem supra-humanos. Pais no mundo todo, da Europa à China, do Oriente Médio ás Américas, querem que seus filhos reconheçam seus erros, mas neuroticamente não reconhecem os erros deles. Quem que seus filhos se humanizem, mas eles se comportam como deuses. Quem não decifra os códigos da inteligência acaba formando deuses, jovens insensíveis, frios, que só pensam em si mesmos. Quem os decifra e os aplica tem chance de formar pensadores que decifrarão e aplicarão também esses códigos. " O excelente mestre não é o que mais sabe, mas o que mais tem consciência do quanto não sabe. Não é o que é viciado em ensinar, mas o mais ávido a aprender. Não é o que declara os seus acertos, mas o que reconhece suas limitações". Podemos resumir Jesus Cristo como O mestre dos mestres, nunca alguém tão grande se fez tão pequeno para tornar os pequenos tão grandes

2 comentários:

  1. Ivandro,

    Em um mundo em que a vaidade é mais importantes do que os verdadeiros valores, em que o capitalismo é mais importante do que a simplicidade, o resultado só pode ser negativo.

    A natureza nos dá tudo do que precisamos, não exitem regras para educarmos nossos filhos, por exemplo, mas se observarmos um simples passarinho cuidando do seu filhote, aprendemos tanta coisa.

    Os que pensam que sabem tudo, são os que mais erram, pois quando pensamos que temos a resposta para todas as perguntas, o curso da vida muda as perguntas e somos forçados a aprender coisas novas.

    O verdadeiro sábio é aquele que reconhece com humildade que nada sabe, como você expos em seu texto.

    Cris

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  2. Assumir nossos erros nos engrandece. Quando cometemos um erro e vamos lá e falamos, com o amigo, patrão, chefe, colega, isso faz com que o erro se diminua e nós crescemos. A verdade e a honestidade é o melhor caminho.

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